Eu sou a favor que haja uma remodelação drástica nas leis que regem o coração. Já estou a imaginar:
Artigo 1º
O coração é livre de amar e ser amado.
Artigo 2º
O coração poderá agora amar outro coração sem o perigo de ser despedaçado.
Artigo 3º
Não haverá mais coração que outro coração não possa amar. Acabaram-se os amores impossíveis.
Artigo 4º
Qualquer coração tem o direito de ser feliz.
Muitos mais artigos tinha eu a juntar a estes quatro. Queria tanto ser um pouco (mesmo que fosse muito pouco) feliz. Juntar os sorrisos, os olhares e ter um bocadinho de amor.
Ai se eu pudesse amar e ser amada. O que eu não fazia para que as coisas fossem um bocadinho mais simples.
Agora apenas tenho sentimentos que me fazem vacilar e voar um pouco para outra dimensão. Bem longe desta em que vivemos, muito para além das nuvens ou das estrelas. Nesta noite que me acompanha consigo que o silêncio seja cada vez mais barulhento. Ao silêncio da noite, junto o silêncio de tudo o que te quero dizer e fica atravessado na garganta. Ou na ponta da caneta que se nega categoricamente de escrever o que sinto. Que se nega a olhar-te nos olhos e perguntar se me dá permissão para ser um bocadinho (mesmo que muito pouco) feliz. É este silêncio que mais dúvidas, perguntas e nada de respostas me dá.
Dá-me desejos e vontades a que só tu podias responder. Dá-me vontade de partilhar contigo as mesmas quatro paredes e realizar oficialmente um contrato do meu coração com o teu. Em que o salário que acordássemos seriam abraços sentidos e beijos que falassem directamente ao coração.
Há quem tenha tudo isto e não dê valor. Há quem tenha tudo.
Eu nada disto tenho. Tenho apenas sonhos em que tu bastas para me arrancares um sorriso. Mas tu nem fazes ideia disso. Do quanto de alegria me enches. Do quão bem me fazes sentir.
Há quem tenha pedaços de tudo e não dê valor.
Eu cá tenho pedaços de nada, em que tu és o meu pedaço de tudo que completa todos os meus nadas.